Giselle Itié: 'Quis ser a feia do Brasil'

Na reta final de Bela, a feia, que acaba no próximo dia 2, Giselle Itié, protagonista da trama, conta que sofre por antecipação por ter que se despedir da personagem com quem conviveu por um ano. Nesse período, ocorreu uma simbiose singular. Giselle deu vida à moça feiosa, desengonçada mas sempre otimista, que deixa de ser o patinho feio para se tornar uma bela mulher. E Bela fez de Giselle, até então uma atriz de papéis secundários em novelas da Globo, a figura central da trama, que estreou em agosto de 2009 e foi responsável por picos de audiência. O capítulo da tansformação da personagem (exibido em 7 de abril), por exemplo, foi recorde: com 25 pontos de média, deu à Record uma rara liderança no horário das 22h. "Bela foi um presente na minha vida. Foi muito trabalho, mas foi uma delícia, também. Vou sentir falta de tudo", disse a atriz no intervalo da gravação de um dos últimos capítulos, na noite de quarta-feira.

Giselle foi contratada pela Record há pouco mais de um ano. Até então, sua carreira na Globo se restringia a papéis de pouco destaque - sempre de mulher bonita - em novelas como Kubanacan, O Profeta, Pé na Jaca, Começar de Novo, Esperança, além de algumas séries, como Carga Pesada, Casos e Acasos, Faça a sua História e a minissérie Os Maias. Quando aceitou o convite da Record, Gisele sabia que estava fazendo uma aposta alta. Mas diz que não se sentiu pressionada com seu primeiro papel principal. "A diferença que senti foi no ritmo de trabalho. Ser protagonista é trabalhar muito mais. Foi frenético".
O que não parece ser diferente são os atrasos da atriz. Durante toda a novela, pipocaram notícias de que a falta de pontualidade de Giselle vinha provocando descontentamento no elenco. A Record sempre pôs panos quentes, e negou qualquer problema. Coincidência ou não, no dia em que Veja.com esteve nos estúdios acompanhando uma das cenas finais, Giselle se atrasou quase três horas.

Como foi a construção do visual de Bela?

Quando ela era feiosa era difícil, porque tinha aquela coisa do enchimento que eu tinha que usar, os óculos, o aparelho, a postura toda troncha. O aparelho na boca às vezes até me cortava. E tive muitas dores nas costas por conta da má postura dela. Até comecei a fazer Pilates por causa disso, pra aliviar as dores. Mas agora, com a transformação dela em mulher bonita também foi complicado, viu? Usar essas lentes de contato é algo muito incômodo. Demorei a me adaptar. Mas fazer o que? Vale tudo pelo personagem.
Na vida real você já se sentiu feia?

Ah, na adolescência, às vezes você se sente assim, não tem jeito. Bem novinha, eu já tinha crescido muito. Com 12, 13 anos, já tinha 1m73, minha altura de hoje. Cheguei a pedir para minha mãe rezar para que eu parasse de crescer. Tive aqueles apelidinhos todos: girafa, garça e até Zulu por causa de uma marca de álcool que se chamava Zulu porque tinha a imagem de um africano, com os lábios super grossos e a boca grande. Eu tinha bocão, então o apelido pegou durante um tempo, também. Para piorar, até o menino que eu gostava, o João, era mais baixo do que eu.
A receptividade do público mudou depois que a Bela ficou bonita?

As pessoas elogiam, torcem por ela mas a abordagem é a mesma. O que sempre foi diferente é que a Bela me trouxe um público, um tipo de fã mais novinho, criança, mesmo, e também as senhorinhas. É muito bacana.
Quando você trocou a Globo pela Record bateu algum receio?

A Globo foi a casa que me apadrinhou, que me abriu as portas. Mas, quando pintou o convite da Record, foi irrecusável. Fui com tudo e disse: quero ser a feia do Brasil! Vamos lá. E é muito bom poder olhar pra trás e ter a certeza de que fiz a coisa certa.
Quais os planos para agora, além do lançamento do filme Os mercenários (The Expendables), que fez com Sylvester Stallone?

Vou descansar. Mas já tenho uns trabalhos engatilhados, que por enquanto não posso falar. Devo viajar pra relaxar, diminuir o ritmo. Em agosto tem a estreia do filme, em Los Angeles. Até lá, estou de férias. Eita, de férias e solteira! É isso aí.

Adaptado de: http://veja.abril.com.br/variedades/